2.10.13

Escrito por Andressa Oliveira em quarta-feira, outubro 02, 2013 0 comentários

Acordei atordoada e ao mesmo tempo feliz. Olhei no relógio: 7 a.m. De novo? Hoje é domingo, vou voltar a dormir. Penso. Me viro na cama e dou de cara com minha melhor amiga e, entre nós, uma garrafa com um lembrete onde foi escrito em letra de forma "SÓ EM CASOS DE AMOR OU DE EMERGÊNCIA"  sobreposto ao rótulo. Já sabia que estava de ressaca daquele whisky meia-boca que havia guardado para lascar de vez o coração (e o fígado também). Desperto minha amiga do seu sono pesado e pergunto o que houve ontem a noite e nem ela sabe responder. Talvez seja eu que ando fazendo as coisas darem errado. Sou insegura e forte - até demais às vezes - e estas são duas características que me impedem de aprender errando. Talvez o caso retratado aquela manhã seja de "CASO DE AMOR COM EMERGÊNCIA". Lembro do som da tua voz estremecendo meus tímpanos; falara tudo o que eu queria ouvir. Conseguia bagunçar minha mente mais do que o próprio whisky, fazendo de mim mesma o meu próprio sarcófago. Agora, ando sem rumo, me libertando dos meus próprios pensamentos e do meu amanhã... Estou sozinha agora. Já era tarde, quase dia, quando a deusa Lua deu lugar à deusa Aurora para aquecer a Terra e os outros planetas. E foi aí que o invisível me saltou aos olhos. Eu parecia tão convencida da solidão. Ou não. Na verdade, a minha solidão tem outra tradução.

A.

27.9.13

Ordo Ab Chao

Escrito por Andressa Oliveira em sexta-feira, setembro 27, 2013 0 comentários
Para mim, o tempo passa bem devagar, porém hoje corre como um vento frio de inverno. Fumo um cigarro e observo pessoas indo e vindo, um mar morto de expressões em suas faces. A cada tragada, sinto meu pulmão pulsar, numa força tão brusca que me faz tossir. O que eu faço ali sentada àquela calçada? Esperando alguém para me abraçar, me levar para casa e aceitar meus erros? Não. Naquela tarde, era apenas eu.
O jeito que o vento sopra meus cabelos, o arrepio resultante do meu sangue fervendo. Isso me lembra você. Observo minhas pernas e as percebo trêmulas, até penso ser um sinal para avisar que você se aproxima. Só imaginação, alarme falso. Me levanto e ando umas duas quadras até notar o que eu faço ali.
A rua virou meu refúgio hoje, me segurou nos braços e não me largou até que eu quisesse, afagou meus cabelos até que eu arejasse a mente, me tomou de conta até que eu pedisse. Sinto algo frio me escorrendo o rosto. Lágrimas. Será meu coração tão gélido quanto uma lágrima? Não fui capaz de amar. E o meu rosto se torna agora só mais um no meio da multidão de rostos, cada um com sua história.
Volto para casa e me sento à beira da cama, acendo mais um cigarro. O ardor, o prazer de tragá-lo é incomparável. Deveria cuidar disso, penso. Não do vício, mas dessa primavera emoções dentro de mim, florescendo várias delas ao mesmo tempo. Se a indecisão causa tudo isso, imagine o amor. O cheiro de nicotina se mistura ao aroma do perfume masculino fortíssimo que estou usando e isso me faz apagar o cigarro. Me pego pensando no porquê de ter fugido de tantas emoções a alguns dias atrás. E agora, todas de uma vez, elas me apunhalam pelas costas.
Depois de rir um bocado, paro e fico ainda mais pensativa. Eu sei, costume estranho. Lembro daquela noite turbulenta e de como tudo isso começou sem razão. Fecho os olhos e o que mais me vem a cabeça são as insanidades que fizemos para ao menos poder olhar nos olhos um do outro e sentir a pele com o toque das mãos. Engraçado como em um milhão de anos nunca passou em minha mente o fato de viver algo tão inesperado.
Lembro de ter escrito uma vez, numa dessas noites de insônia, um fragmento de um texto que dizia: "A vida é feita de histórias e essa é uma pequena parte dela. Caminhos se cruzam para enriquecerem suas paisagens e depois seguem, mais ricos em belezas, sozinhos ou vivendo em si as partes deixadas pelo outro. Meu caminho se cruzou com o teu para aprendermos um com o outro, estava escrito. Talvez um dia eu já não olhe mais em teus olhos da mesma forma...". E esse dia chegou. Agora eu sei que da vida eu não compreendo nada. Abro os olhos e vejo que passei um bom tempo pensando em tudo. Tentando entender você. Tento organizar meus pensamentos. Ordem a partir do caos. É possível?

A.

31.3.13

Astronauta

Escrito por Andressa Oliveira em domingo, março 31, 2013 0 comentários
     Eu era uma astronauta. Sem rumo, vagando por aí sozinha como um satélite em órbita. Me protegia de tudo e de todos; clamava por socorro, porém ninguém ouvia. Até que, em um inesperado dia, você me apareceu.
     Mesmo tendo visto tantas coisas ao longo da minha missão, tu me fizeste sentir à salvo... E eu não precisei mais de ninguém. As frustrações, as lágrimas passadas, a solidão e a rebeldia deram lugar a ti e hoje eu me sinto blindada de todo o mal ao teu lado.
     O teu amor me salvou de me perder em mim mesma.


(Andressa Oliveira)

22.2.13

Mais uma de amor

Escrito por Andressa Oliveira em sexta-feira, fevereiro 22, 2013 0 comentários
     Tua voz se propaga em meus ouvidos. Tento te dar a impressão de ''mulher independente'', mas lá no fundo, dentre o exterior até as mais profundas entranhas, eu sou dependente de você. Naquele momento, coisas vagam pela minha -não tão lúcida- mente.
     Me fascina o modo de como nós nos precisamos. De como tudo conspira a nosso favor. Eu sei que tua boca quer ir de encontro a minha, mesmo que tenham saído tantos (falsos) anseios sobre tua pessoa. Procuro não verbalizar, mas me sinto dormindo numa cidade zumbi, só te esperando chegar. Tua voz de moleque reflete onde eu quero chegar... Talvez em um ''menino-homem'' que, sem saber, me faz uma puta falta.
     Faltam escrúpulos, meu coração fica mais arrogante, cheio de ego, porém, dilato as pupilas. Meus olhos refletem tua chegada, tão simples, tão normal, mas tão diferente. E eu já conheço os teus sinais. Talvez eu pare de ser tão óbvia. Talvez seja uma armadura anti-amor porque, admito, sou amante de primeira viagem. Mas, já é tarde demais. Me arranque os freios, por favor.

(Andressa Oliveira)
 

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